domingo, 11 de janeiro de 2009

LIVROS E INFÂNCIA


As histórias infantis como forma de consciência de mundo


É no encontro com qualquer forma de Literatura que os homens têm a oportunidade de ampliar, transformar ou enriquecer sua própria experiência de vida. Nesse sentido, a Literatura apresenta-se não só como veículo de manifestação de cultura, mas também de ideologias.
A Literatura Infantil, por iniciar o homem no mundo literário, deve ser utilizada como instrumento para a sensibilização da consciência, para a expansão da capacidade e interesse de analisar o mundo. Sendo fundamental mostrar que a literatura deve ser encarada, sempre, de modo global e complexo em sua ambigüidade e pluralidade.
Até bem pouco tempo, em nosso século, a Literatura Infantil era considerada como um gênero secundário, e vista pelo adulto como algo pueril (nivelada ao brinquedo) ou útil (forma de entretenimento). A valorização da Literatura Infantil, como formadora de consciência dentro da vida cultural das sociedades, é bem recente.
Para investir na relação entre a interpretação do texto literário e a realidade, não há melhor sugestão do que obras infantis que abordem questões de nosso tempo e problemas universais, inerentes ao ser humano.
"Infantilizar" as crianças não cria cidadãos capazes de interferir na organização de uma sociedade mais consciente e democrática.


Fases normais no desenvolvimento da criança


O caminho para a redescoberta da Literatura Infantil, em nosso século, foi aberto pela Psicologia Experimental que, revelando a Inteligência como um elemento estruturador do universo que cada indivíduo constrói dentro de si, chama a atenção para os diferentes estágios de seu desenvolvimento (da infância à adolescência) e sua importância fundamental para a evolução e formação da personalidade do futuro adulto. A sucessão das fases evolutivas da inteligência (ou estruturas mentais) é constante e igual para todos. As idades correspondentes a cada uma delas podem mudar, dependendo da criança, ou do meio em que ela vive.

Primeira Infância:

Movimento X Atividade (15/17 meses aos 3 anos)
Maturação, início do desenvolvimento mental;
Fase da invenção da mão - reconhecimento da realidade pelo tato;
Descoberta de si mesmo e dos outros;
Necessidade grande de contatos afetivos;
Explora o mundo dos sentidos;
Descoberta das formas concretas e dos seres;
Conquista da linguagem;
Nomeação de objetos e coisas - atribui vida aos objetos;
Começa a formar sua auto-imagem, de acordo com o que o adulto diz que ela é, assimilando, sem questionamento, o que lhe é dito;
Egocentrismo, jogo simbólico;
Reconhece e nomeia partes do corpo;
Forma frases completas;
Nomeia o que desenha e constrói;
Imita, principalmente, o adulto.

Segunda Infância:

Fantasia e Imaginação (dos 3 aos 6 anos)
Fase lúdica e predomínio do pensamento mágico;
Aumenta, rapidamente, seu vocabulário;
Faz muitas perguntas. Quer saber "como" e "por quê ?";
Egocentrismo - narcisismo;
Não diferenciação entre a realidade externa e os produtos da fantasia infantil;
Desenvolvimento do sentido do "eu";
Tem mais noção de limites (meu/teu/nosso/certo/errado);
Tempo não tem significação - não há passado nem futuro, a vida é o momento presente;
Muitas imagens ainda completando, ou sugerindo os textos;
Textos curtos e elucidativos;
Consolidação da linguagem, onde as palavras devem corresponder às figuras;
Para Piaget, etapa animista, pois todas as coisas são dotadas de vida e vontade;
O elemento maravilhoso começa a despertar interesse na criança.

Dos 6 aos 6 anos e 11 meses, aproximadamente
Interesse por ler e escrever. A atenção da criança esta voltada para o significado das coisas;
O egocentrismo está diminuindo. Já inclui outras pessoas no seu universo;
Seu pensamento está se tornando estável e lógico, mas ainda não é capaz de compreender idéias totalmente abstratas;
Só consegue raciocinar a partir do concreto;
Começa a agir cooperativamente;
Textos mais longos, mas as imagens ainda devem predominar sobre o texto;
O elemento maravilhoso exerce um grande fascínio sobre a criança.

Histórias para crianças (faixa etária / áreas de interesse / materiais / livros)


1 a 2 anos
A criança, nessa faixa etária, prende-se ao movimento, ao tom de voz, e não ao conteúdo do que é contado. Ela presta atenção ao movimento de fantoches e a objetos que conversam com ela. As histórias devem ser rápidas e curtas. O ideal é inventá-las na hora. Os livros de pano, madeira e plástico, também prendem a atenção. Devem ter, somente, uma gravura em cada página, mostrando coisas simples e atrativas visualmente. Nesta fase, há uma grande necessidade de pegar a história, segurar o fantoche, agarrar o livro, etc..

2 a 3 anos
Nessa fase, as histórias ainda devem ser rápidas, com pouco texto de um enredo simples e vivo, poucos personagens, aproximando-se, ao máximo, das vivências da criança. Devem ser contadas com muito ritmo e entonação. Tem grande interesse por histórias de bichinhos, brinquedos e seres da natureza humanizados. Identifica-se, facilmente, com todos eles. Prendem-se a gravuras grandes e com poucos detalhes. Os fantoches continuam sendo o material mais adequado. A música exerce um grande fascínio sobre ela. A criança acredita que tudo ao seu redor tem vida e vivência, por isso, a história transforma-se em algo real, como se estivesse acontecendo mesmo.

3 a 6 anos
Os livros adequados a essa fase devem propor "vivências radicadas" no cotidiano familiar da criança e apresentar determinadas características estilísticas.
Predomínio absoluto da imagem, (gravuras, ilustrações, desenhos, etc.), sem texto escrito, ou com textos brevíssimos, que podem ser lidos, ou dramatizados pelo adulto, a fim de que a criança perceba a inter-relação existente entre o "mundo real", que a cerca, e o "mundo da palavra", que nomeia o real. É a nomeação das coisas que leva a criança a um convívio inteligente, afetivo e profundo com a realidade circundante.
As imagens devem sugerir uma situação que seja significativa para a criança, ou que lhe seja, de alguma forma, atraente.
A graça, o humor, um certo clima de expectativa, ou mistério são fatores essenciais nos livros para o pré-leitor.
As crianças, nessa fase, gostam de ouvir a história várias vezes. É a fase de "conte outra vez".
Histórias com dobraduras simples, que a criança possa acompanhar, também exercem grande fascínio. Outro recurso é a transformação do contador de histórias com roupas e objetos característicos. A criança acredita, realmente, que o contador de histórias se transformou no personagem ao colocar uma máscara, chapéu, capa, etc..
Podemos enriquecer a base de experiências da criança, variando o material que lhe é oferecido. Materiais como massa de modelar e argila atraem a criança para novas experimentações. Por exemplo, a história do "Bonequinho Doce" sugere a confecção de um bonequinho de massa, e a história da "Galinha Ruiva" pode sugerir amassar e assar um pão.
Assim como as histórias infantis, os contos de fadas têm um determinado momento para serem introduzidos no desenvolvimento da criança, variando de acordo com o grau de complexidade de cada história.
Os contos de fadas, tais como: "O Lobo e os Sete Cabritinhos", "Os Três Porquinhos", "Cachinhos de Ouro", "A Galinha Ruiva" e "O Patinho Feio" apresentam uma estrutura bastante simples e têm poucos personagens, sendo adequados à crianças entre 3 e 4 anos. Enquanto, "Chapeuzinho Vermelho", "O Soldadinho de Chumbo" (conto de Andersen), "Pedro e o Lobo", "João e Maria", "Mindinha" e o "Pequeno Polegar" são adequados a crianças entre 4 e 6 anos.

6 anos a 6 anos e 11 meses
Os contos de fadas citados na fase anterior ainda exercem fascínio nessa fase. "Branca de Neve e os Sete Anões", "Cinderela", "A Bela Adormecida", "João e o Pé de Feijão", "Pinóquio" e "O Gato de Botas" podem ser contadas com poucos detalhes.
Para citar este artigo copie as linhas abaixo:CRISTIANE MADANÊLO DE OLIVEIRA. "LIVROS E INFÂNCIA" [online]
Disponível na internet via WWW URL: http://www.graudez.com.br/litinf/livros.htm

Afinal, berçário lê?





Sebastiana de Fátima Ferreira,
Maria Vilma Ramos dos Santos Prado,
Kátia Regina Capeli de Lima Pedroza
André Luiz da Silva




Que leitura é essa?



Importância da leitura no berçário


•Cuidado afetivo


•Construção da identidade


•Interação com os livros e através dos livros


•Desenvolver gosto pela leitura


•Desenvolvimento da imaginação•Acesso às histórias como patrimônio cultural


•Acesso à cultura letrada



Orientações para os professores de berçário
Ambiente enquanto espaço e relações· Criar clima para a história· A criança “segue” o professor, que é modelo de relação que estabelece com o objeto livro e com a leitura.

A roda de história
1. Um lê e outro apóia – respeitar quem está lendo, também serve de modelo, chama a atenção, dá colo.
2. Como apresentar o livro
3. Como segurar o livro
4. Revezar leitura e conto como estratégia
5. Conversa a partir das histórias

Acesso aos livros e autonomia



Critérios de seleção


· Qualidade do texto
O texto deve apresentar um bom trabalho de linguagem, coesão interna e organicidade, evite obras, cujo caráter utilitário que enfatize visões diretiva e inquestionável de mundo e de moral.
· Diversidade:
Procure diversificar os temas e linguagens (prosa, poesia, Cartum, livro sem texto, crônicas, conto de fadas).A oferta de obras com características bem diversas abre possibilidade de uma maior identificação do leitor com os livros, atendendo as diferenças individuais.
· Adequação das obras á faixa etária:
Fique atenta ao tratamento gráfico dado a obra (encadernação, tamanho do livro, tipo de letra), a temática e a extensão da narrativa. Com relação á extensão das narrativas, é importante salientar que os livros com texto podem ser breves ou relativamente longos, porém, desde que sempre acessível à criança que ainda não teve oportunidade de maior contato com materiais escritos. A simplicidade de um texto, no entanto, não deve desvirtuar-lhe sempre acessível à criança que ainda não teve oportunidade de maior contato com materiais escritos. A simplicidade de um texto, no entanto, não deve desvirtuar-lhe a natureza, transformando-o em uma sucessão de frases soltas e sem significados, tal qual uma cartilha.

· Ilustração:
Nesta faixa etária as gravuras é que irão, de início, exercer maior atração sobre a criança.2. Regularidade
É interessante garantir na rotina um momento para leitura ou narração de histórias.


Criar um ritual
Uma música, um local . No caso do BI optamos por sentar sempre sobre o tapete vermelho, após um período já podemos utilizar outros espaços.
AFINAL BERÇARIO "LÊ"?
QUE LEITURA É ESSA?

Bibliografia
•FERREIRO, Emilia. Reflexões sobre alfabetização: Tradução Hóracio GONZÁLES (et. Al.), 24 ed. Atualizada – São Paulo: Cortez. – 2001. - (Coleção Questões da Nossa Época; v.14)
•LERNER, D. É possível ler na Escola. Porto Alegre: Artmed, 2002
GOSUEN, Adriano; CHAGURI, Ana Cecília (Orgs). Os Fazeres na Educação Infantil São Paulo: Cortez, 2000
•Brasil, SEF/ Ministério da Educação Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil Brasília: MEC/ SEF, 1998.
•Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. SME/ DOT; Tempos e espaços para infância e suas linguagens nos CEIs, Creches e EMEIS da cidade de São Paulo, 2006
•Fundação Carlos Alberto Vanzolini: Apostils do Curso ADI Magistério – Organização do Trabalho Pedagógico. Mod. 4. e Orientação da Prática Educativa. Mód. 3. – 2003
•“Era uma vez” para crianças pequenas. 2006. Bresciane, Ana Lúcia In: Revista Avisa-lá. São Paulo. Nº 27. Junho de 2006

Leitura e imagens

Uma sugestão para se trabalhar em sala de aula:


A imagem acima, do fotógrafo Spencer Platt, foi a vencedora do Prêmio Foto do Ano, criado pela World Press.
A foto foi feita em 15 de agosto de 2006, no dia do cessar fogo, em Beirute.
Ao olhar a foto, sem legendas, e apenas com informação acima, é possível inferir uma variedade de compreensões, que são acionadas a partir do meu conhecimeno prévio sobre as situações de guerra, tais como:
-Caramba, a cidade está destruída e estas turistas, neste carrão, estão passeando entre os escombros?
- Olha a cara delas! Será que não têm pena do que aconteceu às outras pessoas?
- Como jovens turistas podem ser tão insensíveis perante aos horrores de uma guerra, desfilando num carrão destes?
E, por aí, vai. O conhecimento prévio sobre o assunto, aciona todas estas informações a partir do que eu leio nas imagens. Isto é a produção de inferências, é o que me faz compreender um texto.E isto acontece não só em relação ao texto visual, mas em qualquer tipo de texto, incluindo até mesmo os gestos, as intonações na voz, os olhares, durante uma simples conversa. Tente trabalhar as imagens com seus alunos e observe as inferências que serão produzida.
É importante você ter informações suficientes sobre o tema a ser abordado na imagem.

Orientação para leitura de textos

Nas atividades de leitura e compreensão de textos, é preciso estar atento para dois tipos fundamentais de atividades: as que tematizam o processo de leitura e as que buscam o produto do processo de leitura e compreensão do texto.

No primeiro caso, é necessário que a ativação de conhecimentos prévios aconteça. Nos dois casos, é preciso que as questões apresentadas para o desenvolvimento da atividade (estratégias de leitura) não estejam apenas relacionadas à localização de informações no texto, mas que permitam a realização de antecipações e inferências, seguidas de verificação das mesmas.

Dessa forma, antes de propor a leitura de um texto, é preciso ter uma conversa com os alunos, para levantar os conhecimentos que eles já têm sobre o assunto. Esse levantamento possibilita uma leitura mais fácil e aprofundada do texto.

A partir da leitura do título do texto e da articulação dessa informação com outras como autoria, fonte e características do gênero, é importante solicitar aos alunos que realizem antecipações do que irão encontrar no texto. Por exemplo:



Considerando que o título do texto é “A Princesa e as Ervilhas”, que tipo de assunto você acha que o texto abordará?

Você acha que será uma história, uma notícia, um poema...?

Sabendo que quem o escreveu foi o mesmo autor de “Chapeuzinho Vermelho”, você mantém suas respostas anteriores ou as modifica? Por quê?

E sabendo que ela foi publicada em um livro cujo título é “Um Tesouro de Contos de Fadas”, que hipóteses levantadas até agora você mantém?

Durante a leitura, é preciso que sejam explicitados as pistas e os procedimentos utilizados pelos diferentes leitores (os alunos) que possibilitaram determinadas compreensões. Para tanto, é importante que sejam feitas questões ao longo da leitura para propiciar inferências e antecipações, assim como a verificação das mesmas a partir de pistas lingüísticas. Por exemplo:


Você acha que a Chapeuzinho Vermelho irá seguir o caminho da floresta ou o caminho do rio? Por quê?

Você acha que o lobo irá conseguir realizar o seu intento? Por quê?

Por que esse fato - o da proibição da utilização das rocas em todo o reino (em “A Bela Adormecida”) - foi mencionado agora, logo no começo da história?

Será que o príncipe irá encontrar a princesa? Por quê? O que faz você pensar assim?

No que se refere ao produto do processo de leitura e compreensão do texto, as questões devem estimular os alunos a realizarem inferências e reconstrução de informações de trechos do texto e não apenas a localização de informações. Por exemplo:


Quais fadas estiveram no batizado/nascimento da Bela Adormecida?

De que animal o caçador retirou o coração para enganar a rainha (em “Branca de Neve”)?

Inferência: que sentido faz descobrir que a princesa identifica um grão de ervilha colocado embaixo dos colchões (em “A Princesa e a Ervilha”)?

Reconstrução de informações: por que o lobo conseguiu chegar à casa da vovó antes de Chapeuzinho?

Esses tipos de questões e estratégias de leitura podem levar à compreensão efetiva do texto.